Julho 2020 | Por: Tiago F. Silva
Numa altura em que os adeptos estão impedidos de assistir aos jogos de futebol nos estádios, em virtude da situação pandémica que o mundo atravessa, só é possível acompanhar o fenómeno através das transmissões televisivas.
Citando Petit, em declarações à margem de uma conferência de imprensa do Belenenses SAD, “um jogo sem adeptos é como um casamento sem convidados”. Bom, se casamentos sem convidados não são assim tão invulgares, menos frequentes eram os jogos sem adeptos, ainda que estes acontecessem, mas por motivos disciplinares ou de segurança.
À exceção de alguns campeonatos que têm vindo a abrir portas para um número limitado de adeptos nas bancadas (Suíça ou Polónia por exemplo), a maioria dos campeonatos com maior expressão viu-se desprovido do fator humano e até emocional que os adeptos conferiam.
Mas não foi apenas o espetáculo ao vivo que perdeu essa dimensão. O produto televisivo em si também saiu enfraquecido. Ver um jogo sem os cânticos dos adeptos ou até os assobios da praxe torna-se monótono, podendo mesmo levar ao afastamento dos telespectadores.
Perdendo-se essa interação, perde-se emotividade e, em muitos casos, audiências. Engane-se quem acha que esta questão da interação não é importante.
O melhor exemplo vem da Premier League, porventura o campeonato com mais propriedade no capítulo da emoção que os adeptos trazem para o jogo. Muitas foram as queixas dos adeptos, alegando monotonia e até alguma impaciência ao ver os jogos em casa.
Para colmatar essa falta de interação, os broadcasters passaram a disponibilizar efeitos sonoros nas suas transmissões.
A Sky Sports recorreu aos préstimos da EA Sports, desenvolvedora do videojogo FIFA, para recriar ao máximo o ambiente de jogo. O resultado da parceria foi, no mínimo, inovador.
Atualmente o adepto pode usufruir de uma experiência próxima à de um jogo realizado em contexto normal, não apenas com o som ambiente, mas também com aplausos, assobios e até os cânticos específicos de cada equipa. Convém salientar que essa tecnologia teve de passar pelo crivo da Premier League antes de ser implementada.
Em Portugal, a Sport TV caminhou nesse sentido também e, aproveitando a retoma da Liga, possibilitou aos subscritores selecionar um canal próprio para assistir ao jogo com som ambiente, seja através do televisor, seja através da aplicação móvel.
Aquando da retoma do campeonato, foi possível constatar que a operadora optou também por colocar um som de fundo nos minutos finais de cada jogo, à semelhança do que acontece nas transmissões radiofónicas.
Umas mais eficazes, outras nem tanto, mas a verdade é que estas medidas têm sido importantes na captação de adeptos para as transmissões televisivas, algo que chegou a ser posto em causa, a determinada altura.
É a tecnologia ao serviço do futebol e o adepto agradece.