Futebol pós-COVID-19: quem perde mais com a pandemia?

Maio 2020 | Por: Tiago F. Silva

Agora que o futebol se prepara para regressar nalguns países, muitos são os clubes que se preparam para tomar o pulso aos reais efeitos que a COVID-19 teve nas contas. Menos liquidez para pagar dívidas e fazer contratações, encaixes futuros que se esfumaram, ativos a desvalorizar a cada dia que passa, maior stress económico. Ainda com o futuro algo envolto em mistério e sendo o fenómeno desportivo um dos que mais sofreu com a pandemia, adivinha-se que o futebol se transfigure e adote um novo rumo.

Foi essa a conclusão da KPMG, cujo último relatório publicado se debruçou sobre os possíveis efeitos da pandemia no valor dos jogadores. E a pergunta que se impõe é mesmo essa: o novo Coronavírus irá afetar verdadeiramente o valor comercial dos jogadores?

A resposta é óbvia: sim.

Mas em que moldes? Será mensurável? Atingirá todos sem exceção e de igual maneira?

Bom, se o vírus é conhecido por ser democrático, os efeitos dele não serão. Todos os clubes vão sofrer perdas irreparáveis a curto prazo, porém, a perspetiva a longo prazo é que uns percam mais do que outros, mediante dois fatores essenciais: juventude e vínculo contratual.

A consultora sugere que “o impacto da pandemia é tanto maior quanto maior for a idade do jogador e menor a duração do vínculo contratual”. Portanto, um clube que tenha nos quadros atletas jovens e com vínculo mais alargado, serão aqueles que sofrerão menos o impacto.

Um jovem não só tem uma perspetiva de carreira maior, como normalmente também possui um vínculo contratual mais extenso, o que lhe permitirá valorizar como ativo para o clube durante mais tempo, pelo menos à medida que a situação retorne à normalidade. Já um plantel mais envelhecido trará maiores dores de cabeça ao clube, precisamente pelas razões inversas.

Mais preocupante é a situação dos atletas em final de contrato, uma vez que os valores de mercado baixam e as perspetivas de obter o chamado “contrato de uma vida” irão acompanhar a tendência de queda.

Jogador em Portugal desvalorizou 17% em dois meses

Com a perspetiva de retoma da Liga NOS no final de maio, o impacto económico da pandemia será certamente menorizado. Contudo, segundo o relatório, o jogador da primeira divisão portuguesa “vale, em média, 17% menos do que valia em fevereiro” (valor KPMG).
Na prática, “um jogador cujo passe esteja avaliado em 10 milhões de euros, passa agora a valer menos 1,7 milhões”. Caso o campeonato fosse cancelado, essa desvalorização podia ascender aos 26%.

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